
O lançamento do disco começará pela internet (download grátis no site do RPM), com três etapas (quatro canções em cada uma, incluindo capinha e letras). Depois, no segundo semestre, o material será reunido e disponibilizado no formato físico (CD).
Veja o papo que tivemos com Fernando Deluqui sobre a banda e, claro, o show de amanhã, com casa lotada.
GP: Apesar de a volta oficial do RPM ser nesta sexta-feira (20), vocês tocaram em abril na Virada Cultural. O que deu para sentir e, eventualmente, ajustar no esquema da banda com aquela apresentação?
Fernando Deluqui: Sim, dia 20, apresentaremos oficialmente o show novo, com direção de Ulysses Cruz, cenário de Ze Arratú e luz de Marcos Olívio. Consumaremos a volta com casa lotada. A receptividade do público nos pegou totalmente de surpresa. De um dia para o outro, 85 % dos ingressos estavam vendidos. Não há mais bilhetes pra quem quiser nos assistir nessa data. Em função disso, há outra apresentação agendada no mesmo local (Credicard Hall) para o dia 12 de agosto. O show da Virada Cultural também foi uma surpresa, em termos de público, pois havia mais gente do que o previsto pela organização do evento. Do palco, eu não enxergava o fim do "tapete" humano que foi prestigiar nosso show. Agradecemos muito essas manifestações dos fãs, amigos e público em geral. Ali, pudemos perceber que o som do RPM é bem aceito hoje, o que nos deixa mais relaxados. De músicas lado-B, como 'Juvenília' e 'Guerra Fria', à inédita 'Crepúsculo', o povo respondeu bem, dançando e aplaudindo. Mostrou que está em sintonia com o trabalho da banda, e isso nos encoraja a apresentar mais das inéditas.
GP: No show da Virada Cultural, houve quem se queixasse de que o "meio" do repertório tenha ficado um tanto "paradão" e que os hits acabaram ficando no início ou no final. A sequência das músicas será a mesma para toda a turnê?
Deluqui: Bem, não dá para agradar a todo mundo. O que dá pra fazer em um show da Virada, por exemplo, é dar o máximo em relação à performance, ter muito cuidado com a escolha do repertório (que vai sendo lapidado a cada apresentação), luz, cenário, etc., que nos agrade. Se a banda está "viajando", provavelmente o público viajará junto.
GP: Vocês pensam em tocar quantas músicas novas no show desta sexta?
Deluqui: Vamos tocar quatro, são elas: 'Crepúsculo', que tem sido apresentada nos shows desde a Virada, 'Muito Tudo', que remete à melhor sonoridade dos anos 1980 e também é a abertura do show, 'Ela é Demais', dance rock com grooves e guitarra wha-wha hipnótica, e 'Olhos Verdes', que é a música a ser trabalhada, embora tudo possa mudar. Com as redes sociais e ferramentas atuais, é impossível prever [o que pode acontecer].
GP: Pelo que pudemos ver na Virada Cultural, o som clássico da banda foi mantido, ao contrário de outros casos de retomada de carreira, em que os artistas tentam novos caminhos. O que pesou mais na hora de definir a sonoridade 2011?
Deluqui: Bem, no nosso caso, são essas duas coisas acontecendo simultaneamente. Mantivemos nossa sonoridade, pois cada um de nós tem seu estilo, e estamos tentando novos caminhos. Quando uma banda volta a compor e gravar depois de um tempo, é comum tentarem rotular o som, ou associá-lo a alguma banda conhecida – o que acho ruim. Denota falta de originalidade da banda. Esse não é o caso do RPM, que volta com o velho som, mas trazendo elementos que modernizam sua sonoridade. Uma curiosidade é que estou voltando a usar o Peavey Classic 50, que é exatamente o amplificador com o qual gravei o CD 'Radio Pirata ao Vivo', de 1986, e esso é outro elemento de identidade da minha sonoridade. A música eletrônica também entra como influência forte, dando ao nosso som uma batida boa para todo o tipo de festa. Boa para as pistas, mas com guitarras típicas do rock 'n' roll. Estamos misturando tudo e apresentando uma seleção do que achamos ser a nossa melhor linguagem. As quatro músicas [novas] que apresentamos no show estão disponíveis para download no site da banda. Claro que, como o Luiz [Schiavon, teclados] e o Paulo [Ricardo, baixo e vocal] estão produzindo essas faixas, o som tem a cara deles e a guitarra não tem o destaque que tinha em meus trabalhos individuais. Mas isso também é trabalhar em banda.
GP: Deve ser uma sensação boa quando você começa com a guitarra músicas como 'Revoluções Por Minuto' ou 'Louras Geladas' e sente a vibração da plateia, não?
Deluqui: Sim, no show existem esses momentos que emocionam. Acredito que o show é o momento maior de contato com o público. O riff inicial de 'Louras Geladas', nosso primeiro grande sucesso, levanta a galera. Não há show em que isso deixe de acontecer. É algo como "liberou geral" ou "eu pago essa rodada" [risos]. O mesmo rola com 'Revoluções', que tem a abertura com a sequência programada nos teclados. Dá aquele clima pesado e emocionante, que remete à turnê 'Radio Pirata'. Os fãs das antigas choram e os novos "viajam" com o arranjo, que é clássico. Isso é muito precioso. É bom poder contar com essa 'vibe'.
GP: No seu caso, em especial, o que é mais emocionante quando está em cima do palco com a banda?
Deluqui: No caso desta turnê com o RPM, o que mais me emociona é a própria volta. É o que o grande público quer. E estarmos juntos, de verdade, lá no palco me faz ter uma sensação boa. Agora, a volta da banda aconteceu depois da exibição do programa 'Por Toda a Minha Vida', da Rede Globo, em novembro do ano passado. Teve violenta repercussão. É um momento delicado e vejo que a hora exige muita atenção de quem está acompanhando a evolução das coisas, mas acredito que tudo vai dar certo no final. Não queremos perder a oportunidade que nos está sendo dada outra vez. Dou valor à minha história e não tenho amnésia quando me convém para cuspir no prato em que comi. Gosto do meu trabalho autoral feito em carreira solo e acho legal os shows dos anos 1980 que fiz com outros artistas amigos, mas não poderia deixar de fazer parte do RPM agora. Vamos aproveitar o momento! Dessa vez, sinto que nós quatro estamos a fim de continuar por muito tempo juntos, mas, como diz John Lennon, "tomorrow never knows" [na tradução livre: "nunca se sabe de amanhã"]. Nessa vida, não temos controle de tudo... Aliás, de quase nada.
Fonte : revista guitra palyer
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